quarta-feira, 27 de abril de 2016

Dois anos sem o Vasco


Há dois anos, este foi um dia triste, porque o "Príncipe das Letras", como tão justamente lhe chamaram, nos deixou cedo demais. É sempre cedo demais para ver partir aqueles de quem gostamos, porque mesmo que nos fiquem as lembranças e as palavras, sobra a saudade e não é nunca a mesma coisa.
Hoje, faz falta à sua família e amigos mais chegados, naturalmente, mas também ao país e ao mundo; e, acima de tudo, faz falta à língua portuguesa que tanto e tão bem defendeu e cuja luta é agora quase só vazio e esquecimento, encolher de ombros, deixar andar. Ah, a falta que o Vasco faz...

O suporte da música pode ser  a relação
entre um homem e uma mulher, a pauta
dos seus gestos tocando-se, ou dos seus
olhares encontrando-se, ou das suas

vogais adivinhando-se abertas e recíprocas,
ou dos seus obscuros sinais de entendimento,
crescendo como trepadeiras entre eles.
O suporte da música pode ser uma apetência

dos seus ouvidos e do olfacto, de tudo o que se
ramifica entre os timbres, os perfumes,
mas é também um ritmo interior, uma parcela
do cosmos, e eles sabem-no, perpassando

por uns frágeis momentos, concentrando
num ponto minúsculo, intensamente luminoso,
que a música, desvendando-se, desdobra,
entre conhecimento e cúmplice harmonia.


 (Vasco Graça Moura)

O Acordo é uma barbaridade, feita inconsiderada e precipitadamente, mantida por obstinação e teimosia, e conducente a um resultado exactamente oposto ao pretendido.

(Entrevista ao Expresso. 26.05.2012)

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