segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Aberração


Há no ensino, inexplicavelmente, algumas modas que, por mais absurdas que sejam, parecem ter vindo para ficar. Como compreender, pois, que se ensine o que é um narrador homodiegético e heterodiegético, um acto ilocutório assertivo ou compromissivo, ou que a propósito de um texto se continue a falar de coesão referencial anafórica, ou de polissíndetos e anástrofes, em vez de se insistir na sonoridade e produção de significado, e no efeito que as palavras e os textos têm em nós, ou em como nos fazem ver e pensar de modo diferente, podendo até dar mais sentido à nossa vida.
E o pior é que nem sequer se fala disto...

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Quem muito fala...


Há os que "subscrevem por baixo", os que "encaram de frente" e os que gostam de ler "Elsa"de Queiroz. Há as facas de "dois legumes" e os bodes "respiratórios". Estas, e tantas outras enormidades de uma lista interminável, que vamos ouvindo e lendo todos os dias. 
A língua portuguesa, nem sempre muito bem tratada num país que se envergonha de si e tende a valorizar o que vem de fora - línguas incluídas -, assumiu contornos de total despropósito com a chegada do "Novo Acordo Ortográfico", que veio permitir que hoje valha quase tudo. Como se a correcção linguística não fosse muito relevante.
Contrariando a tendência, este é um blogue que se preocupa com a língua portuguesa, com a sua riqueza ímpar e com a sua diversidade. É só o começo...

Gosto de sentir  a minha língua roçar
A língua de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões

                                            (Caetano Veloso)